Projeto Monte Alto detém reserva mineral de nível um.
O Vale do Jiquiriçá possui grandes reservas de terras raras, informação que já havia sido antecipada pelo Mídia Bahia, mas que agora ganha confirmação oficial. Os minérios devem redefinir a economia da região, especialmente nos municípios de Jiquiriçá, Mutuípe e Ubaíra.
As três cidades possuem grandes reservas de disprósio e térbio, elementos essenciais para a produção de ímãs de alta tecnologia, motores elétricos, turbinas eólicas, satélites e sistemas de defesa. Além disso, a empresa já constatou a presença de escândio, urânio, nióbio, tântalo e titânio nas áreas pesquisadas.
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À frente do projeto está a Borborema Mineração, empresa australiana associada à Brazilian Rare Earths. As duas iniciativas atuam na extração mineral em diferentes regiões do Brasil.
As terras raras na China são compostas por 17 elementos químicos que são fundamentais para a fabricação de tecnologias avançadas, como baterias de carros elétricos, dispositivos eletrônicos, turbinas eólicas e sistemas de defesa.
Com aproximadamente 70% da produção mundial e 90% da capacidade de refino, a China exerce um monopólio estratégico que afeta diretamente as cadeias de suprimentos de potências globais como os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão — Foto: (imagem: Ingo Doerrie disponível no Unsplash)
Segundo a Borborema, serão investidos R$ 3,5 bilhões na produção de concentrado mineral e óxidos de terras raras, com início das operações previsto para 2028.
O projeto é acompanhado de perto pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), do Governo do Estado. “Reforçamos o compromisso com o desenvolvimento sustentável e a diversificação da base produtiva estadual”, afirmou Ângelo Almeida ao jornal A Tarde.
Projeto Monte Alto
A Borborema lidera no Vale do Jiquiriçá o Projeto Monte Alto, que detém uma reserva mineral de nível 1, com mais de 1 milhão de acres no Nordeste brasileiro. (1 acre = 4.047 m² = 0,4047 hectare).
Segundo a empresa, as pesquisas no Vale confirmaram a presença de minerais de terras raras em escala economicamente viável nas cidades de Jiquiriçá, Mutuípe e Ubaíra.
A confirmação da viabilidade permite avançar para operações que atenderão à demanda global por esses metais, considerados estratégicos para a transição energética e para reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Na primeira fase, o projeto prevê a produção e concentração mineral dos óxidos de terras raras, com investimento de R$ 500 milhões e geração de 250 empregos na construção, além de 200 na fase operacional.
Planta de separação em Camaçari
A planta de separação dos óxidos deve ser instalada em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Essa é a segunda fase do projeto, com previsão de investimento de R$ 3 bilhões. A unidade deve processar 15 mil toneladas de terras raras por ano, gerando 1.250 empregos na construção e 800 na operação.
Além dos minerais de terras raras, o Vale do Jiquiriçá possui grandes reservas de bauxita, descoberta ainda na década de 1990. As pesquisas atuais ampliaram a estimativa, apontando 568 milhões de toneladas declaradas, além de gálio, elemento essencial para semicondutores e sistemas de defesa.
O que são terras raras?
Terras raras são um grupo de 17 elementos químicos. Desses, 15 integram a série dos lantanídeos na Tabela Periódica, do lantânio ao lutécio. Os outros dois são o escândio (Z = 21) e o ítrio (Z = 39).
Eles costumam ocorrer juntos nos mesmos minérios e apresentam propriedades físico-químicas semelhantes. Entre as principais fontes econômicas desses elementos estão minerais como monazita, bastnasita, xenótimo e loparita, além das argilas lateríticas ricas em íons.
A Borborema Mineração já detém parte dos direitos minerários em Mutuípe, Ubaíra e Jiquiriçá, conforme relatório aprovado pela Agência Nacional de Mineração (ANM).

